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Caffe nas Mídias

A Revolução Zumbi de George Romero: O Legado do Mestre do Terror


Nada mais apropriado para uma Sexta-Feira 13 do que lembrar um ícone que ajudou a moldar o terror moderno. 

Conhecido como pai do cinema moderno e tido como um dos maiores nomes do gênero de terror, George Romero ganhou destaque se tornando uma das principais influências no subgênero zumbi, definindo algumas regras que até hoje são difundidas e adaptadas.

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👻Quebrando a Quarta Parede #04

🍷 Analisando: George Romero



Sua obra mais conhecida é a série de filmes “Living Dead”, começando com o “Night of the Living Dead” (1968) onde os conceitos de Romero são apresentados ainda em uma forma primária, trazendo novas configurações que hoje podemos ver incorporadas em outros filmes e mídias como a série de TV The Walking Dead e o jogo eletrônico Resident Evil.

A Série de filmes conhecida como a “Trilogia dos Mortos-Vivos” ou “Living Dead” como mencionada acima é um dos trabalhos mais importantes do diretor e incluem os filmes, A Noite dos Mortos-Vivos (Night of the Living Dead – 1968); Amanhecer dos Mortos (Dawn of the Dead – 1978) e Dias dos Mortos (Day of the Dead – 1985), outros trabalhos que podem ser citados e que teve a participação do diretor também como escritor são, A Terra dos Mortos (Land of The Dead – 2005); Diário dos Mortos (Diary of the Dead – 2007), A Ilha dos Mortos (Survival of the Dead – 2009).

Os elementos presentes nas obras de George Romero podemos destacar o uso de violência, a crítica social através dos zumbis usados como metáfora para criticar a marginalização, controle social, e uma sociedade sem identidade ou pensamento crítico. Em suas obras também aparece é possível identificar certa dose de humor e acidez.

“Quando eu e o John estávamos escrevendo Noite dos Mortos-Vivos, nós não pensamos em nossos “monstros” como “Zombies”. Nós nunca chamamos eles de Zumbis. Em nossas mentes, o morto misteriosamente voltava a vida e comiam a carne dos vivos. Nós os apelidamos de ‘Carniceiros’ “– George Romero (Tradução livre por Lis)

Podemos listar como elementos recorrentes e característicos de Romero:

Reprodução de império dos mortos primeiro ato, Alex Maleev

Zumbis:

Caracterizados como criaturas que voltaram a vida e que se alimentam somente de humanos vivos, são retratados como vilões, apesar de não possuírem nenhuma ou quase nenhuma inteligência e se arrastarem, não podendo alcançar grandes velocidades. Talvez a maior característica que difere o zumbi de Romero seja a falta de consciência, personalidade e motivação dessas criaturas que conhecem apenas a sua necessidade (instinto) a alimentação – sendo considerada a característica principal de zumbis modernos e claro a razão da volta a vida, que na era clássica era por meio de magia e forças ocultas e sobrenaturais, passando a ser por meio de radiação ou vírus desconhecido.

Sociedade em crise e a luta pela sobrevivência

Em suas obras estão presentes cenários catastróficos apocalípticos com uma sociedade em crise política e social, que carregam a crítica a civilidade, ética e moral e a luta pela sobrevivência em um cenário caótico criando tramas complexas, com personagens que apresentam diferentes pontos de vista explorando comportamentos humanos e a dificuldades de viver em sociedade.

Tematicas:

É possível identificar além da metáfora de uma sociedade sem identidade apenas guiadas pelos instintos básicos, questões sociais e políticas contemporâneas como racismo, guerra, consumismo, corrupção e autoritarismo. George Romero também destaca a importância da convivência social e da dinâmica em grupo, apresentando o poder da união de grupos organizados no combate aos zumbis e o poder do trabalho em equipe para garantir a sobrevivência.


George Romero nos Quadrinhos

“Zombis. Carniceiros. Caminhantes. Chamem do jeito que quiserem. Eu os amo com grande e duradoura paixão. Eu realmente os amo” George Romero (tradução livre por Lis)

Nos quadrinhos George Romero conseguiu se libertar das amarras do orçamento e fazer com que as suas ideias conseguissem sair do papel de forma mais livre e com todos os elementos que compõem a sua marca característica e claro indo além e explorando novos sabores inventivos e tramas que trazem para o palco as questões humanas e sociais com uma dose de violência gráfica. Com Império dos Mortos, no primeiro ato temos uma introdução de ninguém menos do que Stan Lee que ressalta a importância de Romero e dá as boas-vindas ao seu trabalho na 9ª arte ao lado do Ilustrador e quadrinista Alex Maleev (e que dupla!).

Na trama, os eventos se passam 5 anos após os aparecimentos dos primeiros zumbis, a cidade de Nova York se tornou uma grande fortaleza de contra os mortos-vivos e graças ao prefeito e suas forças militares a cidade sobrevive, o que a população não sabe é que o prefeito esconde um grande segredo, Chandrake não é tão humano quanto aparenta.

Zumbis que possuem memórias e uma certa inteligência são resgatados nessa série, trazendo novas discussões e abordagens pelas mãos de quem sabe fazer uma grande história acontecer com elementos únicos.

No Brasil, dos 6 atos, saíram apenas 2 pela Panini (uma pena) em outubro de 2015 o primeiro ato ganhou as prateleiras e o segundo ato no ano seguinte novembro de 2016, não ouvimos mais falar em continuação da série por aqui.

George Romero faleceu em 16 de julho de 2017, deixando um inegável e brilhante legado no gênero do Horror, agregando a ele de forma inteligente a sua visão e crítica e contribuições.

Reflexão sobre George Romero, Zumbis e Sociedade: Em Império dos Mortos, George Romero deixa claro que, mesmo com zumbis à solta, o maior perigo continua sendo a humanidade — afinal, algumas coisas nunca mudam, nem no apocalipse. Não podemos esquecer que The Walking Dead, também inspirado pelas obras de Romero, explora a beleza e a destruição nas relações humanas, mostrando que, mesmo em um mundo devastado, são as escolhas e os conflitos entre os vivos que revelam o verdadeiro horror/beleza e a complexidade do ser humano. https://www.caffelibrarium.com.br/2024/12/a-revolucao-zumbi-de-george-romero-o.html

- Lis Estefany

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Notas de Rodapé

ROMERO, George A.; GOLDEN, Jonathan Maberry (Ed.). Nights of the living dead: an anthology. St. Martin's Griffin, 2017.

Trecho original 1 : “When John and I were writing Night, we never thought of our “monsters” as “zombies”. We never called them zombies. In our minds, the dead were mysteriosly coming back to life and eating the flesh of the living. We called them “ghouls”. – George Romero, Nights of the Living Dead: An Anthology

Trecho original 2 : “Zombies. Ghouls. Walkers. Calle’em what you want. I love them with a gret and abiding passion. Really. Nothing but love.”

ROMERO, George A.; GOLDEN, Jonathan Maberry (Ed.). Nights of the living dead: an anthology. St. Martin's Griffin, 2017. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=bem_DQAAQBAJ&pg=PT6&dq=%22Romero%22+%22Ann+Dvorsky%22&redir_esc=y#v=onepage&q=%22Romero%22%20%22Ann%20Dvorsky%22&f=false. Acesso em: 16 jan. 2023.


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