LITERATURA | ESTUDOS | RESENHA
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Nesse post iremos analisar o livro escrito por Fábio Akcelrud e explorar o universo da crítica literária através dos seus olhos.
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O livro se propõe a refletir de maneira profunda a prática da crítica literária e suas contradições, explorando diversos aspectos. Quanto ao tom, ele traz certa acidez que se entrelaça ao didatismo instigando e provocando o leitor na tentativa de evocar o principio da própria atividade – A crítica.
O primeiro capítulo do livro, intitulado "O que é crítica literária?", apresenta uma reflexão sobre o papel da crítica literária na sociedade contemporânea. Para o autor, a crítica literária é uma forma de "produção de conhecimento", que tem como objetivo principal a compreensão e interpretação das obras literárias (DURÃO, 2019, p. 14). Durão argumenta que a crítica literária não deve ser vista como uma atividade "elitista" ou "inútil", mas sim como uma forma de diálogo com a cultura e a história, que permite ao leitor aprofundar o seu entendimento sobre o mundo e sobre si mesmo.
Em seguida, o autor discute o conceito de "literariedade", que se refere à especificidade da linguagem literária em relação à linguagem cotidiana. Segundo Durão, a literariedade é uma característica que permite à obra literária transcender a mera função comunicativa, e alcançar uma dimensão estética e simbólica. Ele ressalta a importância da literariedade para a crítica literária, uma vez que é a partir dela que se pode compreender a singularidade e a originalidade de cada obra e apreciá-la.
Trarei alguns tópicos e trechos do livro dos quais considero de forte impacto, e que ecoaram e sacudiram o universo das minhas percepções e talvez, de alguma forma façam algum barulho por aí também ...
O que é Crítica Literária?
No cap.11 Fábio traz a frase – "É fundamental para a noção de crítica que ela mesma possa ser criticada", e é isso o que ele faz. O título do livro O Que É Crítica Literária? traz em si o ponto de interrogação, de reflexão e que carece de uma resposta, mas se ela for entendida como uma questão ela irá fugir de uma resposta enlatada, pronta. Uma definição é boa mas sem o pesar da crítica ela é vazia, desconstituída de substância. O autor diz:
A definição é boa para se decorar [...] Porém ela não o levará muito longe, porque uma definição não contém espaços vazios: com ela, não há muito o que fazer. Por outro lado, o ponto de vista de interrogação for entendido como fazendo surgir uma questão, tudo se modifica. Diferentemente da pergunta, a questão não precisa ser unívoca e não precisa ser concisa – para dizer a verdade, não precisa nem mesmo ter um fim.
(DURÃO, 2016, p.10)
E o impacto dessa afirmação abre margens para que possamos percorrer o nosso próprio caminho, experimentando ideias, analisando possibilidades sem a obrigatoriedade, ela pode ser distinta e livre para se contradizer e se complementar, mas sua construção se dará com a participação do autor do exercício crítico, sendo a crítica sua formula e principal objeto de trabalho.
A questão traz para dentro de si aquele que a formula; ela requer assim uma articulação própria, quase como uma assinatura, e consequentemente uma participação e responsabilidade no exercício do saber por parte daquele que o constrói.
(DURÃO, 2016, p.10)
O que primeiro enxergamos é a clara diferença que a pergunta x questão assumem no texto. Enquanto a primeira tem um ciclo curto e direto (Pergunta > resposta = definição) a questão ela se torna mais viva e consequentemente processual e cuidadosa, acrescida desses "espaços vazios" que caberiam a nós preenchê-los (questão > análise > debate > contradição > construção ... definição com assinatura).
Diferença Entre Crítica x Interpretação
Outro ponto importante levantado é a diferença entre crítica e interpretação, enquanto a interpretação acontece solitariamente a outra se dá quando envolvem outras pessoas ou seja passa para a esfera pública se dispondo ao debate.
A crítica tem em sua essência a função social, ela desempenhou um importante papel no processo de instituição da cultura e da construção da identidade nacional, moldando-a da forma como a conhecemos hoje e não podemos deixar de entender que é na esfera publica onde a crítica acontece e é engraçado perceber esse detalhe apenas depois de ler esse livro.
Essa abertura para o debate já deixa entrever que a crítica literária não existe sem uma função social, por mais indireta que ela possa soar.
(DURÃO, 2016, p.11)
A crítica assume uma capacidade subversiva e atua em uma esfera entre o real e o imaginário, entrelaçando mundos e claro provocando e apontando mudanças sociais em diversas camadas. Com toda certeza ela possui um campo vasto de atuação e cuidadosamente nos direciona para onde devemos olhar.
Em resumo "O que é crítica literária", Fábio Akcelrud Durão apresenta uma abordagem acessível sobre as principais questões e métodos envolvidos na prática da crítica literária. O livro oferece uma introdução útil para estudantes e leitores interessados em entender melhor como os críticos analisam e interpretam obras literárias, ao mesmo tempo em que fornece insights valiosos para aqueles que desejam se aprofundar na teoria e na prática crítica. O que vale destacar que Durão apresenta um guia conciso e informativo sobre um campo de estudo complexo e fascinante mas que é apenas o ponta pé dessa jornada, pois como ele mesmo declara, não devemos aceitar conhecimentos prontos mas partir para uma construção de significados.
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