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Caffe nas Mídias

A Pietá e a reprodução nos quadrinhos: Serenidade x O peso da perda


Falar de arte é falar de expressão, é muitas vezes uma mistura de elementos visuais, luz, sombras, cores e formas que saltam de um simples objeto e assumem significados. A beleza da arte está em sua possibilidade de ser interpretada e representar ideias.

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👻 Quebrando a Quarta Parede #02

🍷Quadrinhos: Crise Nas Infinitas Terras e Morte em Família.


É preciso atentar-se a detalhes, pois muitas das vezes ela é sutil com as suas mensagens.

Quando se fala de arte é impossível não citar autores como Da Vinci, Dali, Caravaggio e Buonarroti, este último será tema desse post com a obra Pietá, uma das mais conhecidas e reproduzida da história e que acabou chegando nos terrenos férteis dos quadrinhos, assumindo uma nova roupagem.

Para podermos entender e comparar as obras, é necessário voltar-nos aos detalhes de sua originária.

PIETÁ DE MICHELANGELO


Pietá significa piedade, é o nome dado a esse momento onde Maria têm em seus braços, Jesus, seu filho morto.  Todas as obras que retratam esse momento possuem essa nomenclatura. 

Na obra, Michelangelo estabelece um elo de proximidade entre os personagens, o corpo de Jesus sem vida é abraçado pela Virgem Maria, com toda a sua delicadeza contrastando com o peso de Jesus que ao ser segurado tem a deformação da sua  denotando o esforço para mantê-lo naquela posição (um esforço quase sutil percebido apenas nesse detalhe).

A escultura o tempo todo demonstra suavidade e delicadeza, e estão presentes nos gestos, nas roupas e nas faces dos personagens. Jesus em seu semblante transparece a paz de ter cumprido o seu proposito, enquanto Maria a serenidade de ver que em fim foi cumprido o seu chamado e está ali o sacrifício de seu filho para que todos vejam. 

Apesar do tema ser morte e sacrifício, fica subtendido pela serenidade uma aceitação. Note não haver sinal de dor, luto ou perda, mas um convite para que todos vejam aquela entrega (A mão de Maria convida aos expectadores para contemplarem), Michelangelo deixou impresso em sua obra, em cada detalhe o cuidado em transmitir essa serenidade.  

Enquanto na obra de Michelangelo o expectador capta a serenidade, em suas reproduções a resposta é totalmente, criando elementos que tragam a dor e o sentimento de perda.


SERENIDADE X A DOR DA PERDA



Umas das reproduções mais conhecidas da Pietá de Michelangelo é a da morte do Robin, Jason Todd.

Na imagem vemos os ombros caídos, o semblante apagado pelas sombras que talvez buscam apontar uma dor impronunciável, por isso não desenhada, não dita aos leitores. 

A cena de Batman e seu companheiro retratam o inverso de a Pietá, é quase um grito de dor em todos os detalhes ao ponto de chocar quem olha a imagem. Um corpo sem vida abraçado e carregado com tanta intensidade que somos facilmente fisgados pela dor de quem o carrega, no semblante do pobre rapaz morto não observamos o sinal de paz, mas uma tristeza ou dor que só é entendida por quem leu a história.

Obra de arte em escultura e obra de arte em folhas de papel se misturam e contam uma história que se diferem, mas que cumprem seu papel, capturar quem os observa e lhes sussurrar seus mistérios. O caso do Batman não foi o único a narrar a dor da perda, temos outros exemplos ainda mais expressivos, como o de Superman no quadrinho Crise Nas Infinitas Terras que contou com a perda de sua prima.




Na obra Superman se contorce, seus peitos inflam, trazendo uma dor reprimida, um peito a ponto de rasgar-se, pronto para desfazer-se em um grito de angústia incontida, sua face traz a marca da perda inconformada. A mais sublime dor, o desespero da perda de quem se ama é totalmente declarada.

Note que na imagem o Superman toma lugar de destaque, tal qual como Maria e somos convidados a olhar e mergulhar na narrativa visual presente na impactante imagem que se sobrepõem em comparação a Kara, desfalecida e marcada pela luta sangrenta que lhe roubou o seu suspiro. É o Superman que assume o papel principal, com uma imagem grande e forte, mas, ao mesmo tempo, marcada por uma sensibilidade, algo que quebra esse aspecto de invencível e o deixa humano - a emoção, o luto.   

Olhando as imagens e comparando-as, enquanto Michelangelo marcava o divino, os heróis acentuam o lado humano. Vendo que a pele da Supergil não deforma, vendo que não há esforço para segurá-la, destaca essa qualidade de superforça de quem a segura, mas essa se desfacela quando o homem forte, tem a sua face deformada pelos sulcos e distorções da dor. Quando seus ombros, a tensão é de um grito e não por segurar um outro ser com massa considerável.

 
CONTRASTES  X  SEMELHANÇAS 

Apesar das obras caminharem para lados opostos com representações que se diferem nas suas expressões acabam tratando o mesmo tema, a perda de um ente querido como ponto principal e a morte. 

É impossível não sair impactado pelo peso da mensagem em ambas as obras, pois a morte é sempre um tema delicado a ser tratado.

Conhecia a relação entre as obras? 
O que achou do tema? Deixa aí nos comentários!

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Material de Exploração
HQ: Crise Nas Infinitas Terras. 1985/1986. Marv Wolfman, George Pérez.
HQ: Morte em Família.1988/1989. Jim Starling, Jim Amparo. 
VIDEO:  YouTube



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