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1984 - Contexto e Ampliação da obra


GEORGE ORWELL | 1984 | LITERATURA | DISTOPIA
Tempo de Leitura: 14min 26sec

Salve exploradores se durante as suas explorações caiu aqui apertem os cintos e sejam bem vindos, aqui começam as suas explorações!


A exploração dessa semana foi uma viagem no livro 1984 de George Orwell, uma proposta do vencendo a pilha 2021 do mês de  janeiro, um desafio e tanto no projeto explore.  Mas do quê se trata o livro? E o que tem nesse livro para ser tão indicado ?

1984 é um alerta sobre os governos totalitários bem como Admirável Mundo Novo, sendo ambos  distopia   que veio com a missão de parodiar a Utopia presente nas eras pós-Medievais e inicio da Era Industrial, esse pensamento utópico visava uma nação justa, perfeita com leis igualitárias comprometidas com o bem-estar social num todo sem distinção ou classes como foi sugerido mais tarde por Marx.

Então se a distopia é o inverso de Utopia seria ela uma utopia negativa ? Isso mesmo enquanto o pensamento utópico trata temas positivos como o de satisfação, pujança, liberdade, justiça e um sistema perfeito e harmônico que fogem do real passamos  agora a sua negação,  que  segundo Erich Fromm (1961 ) " As utopias negativas expressam o sentimento de impotência e desesperança  do homem moderno" sendo assim somos levados a cenários longe do ideal, caótico e servido de uma narrativa pesada, densa e crua. 

Acredito que deva estar se perguntando "Qual o motivo da mudança" e porque Orwell seguiu por esse caminho narrativo? 
Para entender o texto é necessário entendermos seu plano de fundo, entender o seu autor e seu contexto, agora que sabemos o que significa Distopia estamos aptos para explorar outras áreas! 

Entendendo o Cenário da Mudança : Utopia vs Distopia

Após a era medieval tivemos os eventos da era moderna, e com ela a tecnologia e a inovação em diversas áreas e dentre elas  o sistema bélico. Acredito que o primeiro evento que tenha desestabilizado esse sistema utopico foram os horrores da Primeira Guerra Mundial, milhares de pessoas morrendo em nome da ambição territorial e das potências europeias cegos pela ilusão da luta ser em nome da democracia, uma guerra pela paz  (soa familiar caro leitor? ). Calculamos a primeira perda aqui a Sensibilidade e a Sanidade em nome de definir qual era a mão dominante no cenário mundial, fruto de assuntos não resolvidos no século XIX tais como rivalidades econômicas, tensões nacionalistas, alianças militares, corrida armamentista e etc e que se arrastaram até seu estopim no século XX. Aí nasceu a Primeira Guerra Mundial, o primeiro dos eventos  catastróficos, que serviu  para lavar a roupa suja de uma derrota anterior , a vingança está consumada é dado o  Revanchismo Francês, a primeira Guerra teve um fim, e é assinado o  Tratado de Versalhes o que para Alemanha foi visto como afronta e humilhação, gerando um aumento do nacionalismo e a porta  entrada para a origem e difusão do Nazismo  e  claro o Revanchismo Alemão-Segunda Guerra . 

Agora temos uma sociedade que conheceu a guerra e seus horrores, conheceu a perda e a insanidade de seus lideres, poderiam eles permanecer inalteráveis diante de tudo isso? A resposta é não! temos mulheres que perderam seus maridos, mães que perderam filhos e filhos que perderam pais, mais uma coisa para se calcular: a perda da Esperança. Famílias perderam quem mantinha a provisão dentro de casa, nessa época foi onde as mulheres começaram a assumir o controle e a sua emancipação já que seus companheiros talvez não retornassem, além disso temos  agora a escassez, a luta pela sobrevivência em condições desumanas para alguns, após a guerra sobrou apenas pessoas  marcadas pela angústia, dor e traumas. Homens com as cicatrizes desses eventos uns que  conheceram  o poder do regime totalitário, oligárquico e frio e outros que lutaram  "pela paz", em governos que afirmavam  pensar nos seus enviando-os para morrerem na gerra tirando deles a esperança de um futuro,e qual a diferença entre eles ? Ambos controlavam e enviavam o seu próprio povo para um inferno sem medidas.

Foi nesse cenário que viveu nosso escritor George Orwell ele nasceu em 1903 ou seja ele teve contato a com a primeira guerra mundial que ocorreu 1914 e 1918 e ainda acompanhou a Segunda Guerra  em 1945 ano que lançou seu livro " A Revolução do Bichos", ele atuou como policial até sair escandalizado com os fatos que ocorriam a sua volta. Ele lutou na guerra civil na Espanha contra o franquismo e acabou levando um tiro na garganta  que tirou  parcialmente  a sua  fala ( podendo falar apenas em tom baixo ).  Ele tinha como marca pessoal a luta pelos mais frágeis e  um grande senso de justiça e a busca pela verdade, era crítico quanto á todas as formas de pensamento, não suportava o autoritarismo e trouxe um pouco das suas crenças para a sua ultima obra em vida 1984. 


Entendendo a sua complexidade da obra:
O Partido e o Grande Irmão :
O Grande Irmão é uma figura de poder, ele não é uma pessoa física ele é uma ideia, a fonte de controle do Partido e a imagem que o partido precisa. Uma figura de inteligência, onipotência e autoridade, "o Grande irmão está de olho em você" e segundo O'Brien  "O grande irmão é a personificação do Partido" .

O Partido era onde se concentrava o poder, o controle e a dominação.  A famosa frase "Quem controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente controla o passado" diz respeito a esse controle firme do partido, que pesava não apenas em controlar o presente mas editar o passado porque o "Grande Irmão nunca falha"  se houvesse algum discurso em  que os resultados não fossem previsto pelo Grande Irmão ela seria encaminhada para o Ministério da Verdade e lá recebia a sua atualização. Dentro dos campos de controle do partido estavam presente além da manutenção da verdade dentro das mídias , as ações e pensamentos da população e este ultimo recebendo um termo próprio para todo pensamento considerado desaprovador pelo governo, o crimepensamento (em Novilíngua). 

Novilíngua e o duplipensamento:
"Guerra é Paz. Liberdade é Escravidão. Ignorância é Força "

Esse meus caros leitores é o lema do partido, fundamentado no que George Orwell denominou  duplipensar que é o "poder de sustentar duas crenças contraditórias na mente simultaneamente, aceitando as duas" e  que reforça o ideal do Socing.  Se o partido alegar que 2 + 2= 5 todos aceitariam como verdade única e universal mesmo sabendo internamente que a resposta lógica é 4, duas resposta para uma mesma pergunta o que para nós soa ilógico para eles seria lei se assim fosse determinado. 

Para reforçar as bases do duplipensar foi estabelecida a Novilíngua que acompanha essa contradição, que tinha como objetivo "inviabilizar as formas de pensamento"   a língua é o principal meio de transmissão de uma ideia, uma língua limitada é um povo limitado, e torna impensável aquilo da qual quisesse expor pois sabemos que pensamentos ganham formas através do jogo de  palavras. Temos a exclusão de palavras e o enterro do exercício da exposição de pensamento lógico e coerente e o fim da liberdade das ideias, ( Velhafala ) e o total controle sobre as mentes pois era impossível editar o passado sem alterar a língua pois ela carrega o consigo.  

O Partido não se interessa pelo ato físico; é com os pensamentos que nos preocupamos. Não apenas destruímos os nossos inimigos ; nós os modificamos .

O medo do partido nunca foram os atos e sim a mente todo ato é uma resposta primeiro lógica e por isso a necessidade de reparo psicológico, o pensamento é o maior inimigo do Grande Irmão, por isso era necessário o controle até mesmo durante o sono através das teletelas, o uso dos familiares para entregar seus parentes que tivessem sonhos suspeitos, pois até mesmo uma resposta inconsciente representava perigo e devia ser denunciada á Policia das Ideias nada poderia escapar dos olhos do Grande Irmão, nenhuma heresia podia ser pronunciada, a velhafala tem que ser enterrada junto com o passado, a única palavra que valia é do partido. Ele possuia o medo e a atenção da população e o seu total domínio. 

A heresia das heresias era o bom senso. E o aterrorizante não era o fato de poderem matá-lo por pensar de outra maneira, mas o fato de poderem ter razão. Porque, afinal de contas como saber que dois e dois são quatro ? Ou que a força da gravidade funciona? Ou que o passado é imutável? Se tanto o passado como o mundo externo existem apenas na mente, e se a própria mente é controlável - como fazer então 

Esse é um dos pensamentos de Winston que carregam toda a desesperança e impotência a perda  da fé na mudança, seria ele o único a lembrar dos fatos do passado, o único a cometer o crimepensamento e odiar as manipulações do partido e a perceber diante dos seus olhos tais verdades? 


Quem é Winston?
Winston é o personagem principal nessa trama, ele vive nessa sociedade de controle e opressão, ele trabalha dentro do Ministério da Verdade fazendo parte do corpo de trabalhadores do governo . Ele é um homem consciente da sua individualidade numa sociedade que  a individualidade e o livre pensar são crimes contra o partido e digno até de ser vaporizado, deixando de existir. Ele carrega a dúvida e a fome pela mudança, ele se arrisca a odiar o governo e tenta exercer até onde pode a sua liberdade de pensar. Ele é o crítico e o rebelde, porém sem agir como tal de forma explicita pois envolve riscos. O único momento que vemos ele se rebelar de verdade é após encontrar Júlia, ela o leva a desafiar a si mesmo e consequentemente os ideais do Partido. A importância de Julia na trama é vital pois ela representa uma força de pensamento incrível e vai contra tudo aquilo que o partido prega, ela possui a coragem e a ousadia além da inteligência o que acaba  gerando a  admiração de Winston .
1984 é de longe uma obra incrível e cheia de conceitos, além disso é um tratado contra o autoritarismo que foi a maior luta de George Orwell que acredita na justiça e no poder da liberdade das ideias, esse é um alerta contra o sistema opressor e seus poderes. Essa obra foi tida como uma das mais assustadoras em sua época por jogar na cara das pessoas tantas verdades e possibilidades, apesar de ser ficcional retrata muito do que foi vivido e que podemos enfrentar no futuro, ele fala da desesperança para trazer  esperança pois o poder de impedir que isso ocorra está nas nossas mãos como foi dito pelo próprio Owell. 




Espero que tenha gostado dessa viagem pela história e que possamos aproveitar o máximo os ensinamentos deixados por essa obra que exige olhos atentos e uma mente aberta para a proposta de Orwell, esse livro rende muitos e muitos debates e com toda certeza voltaremos aqui para refletir sobre, até a próxima.

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